quinta-feira, 26 de julho de 2012

Lemonade


Esse é o mais próximo que cheguei da normalidade em muito tempo.
Sim, a visão ainda é turva quando de frente para o por vir, mas a de quem não é? 'Se a vida te der limões faça uma limonada, oras bolas!' Quando ouvi um transeunte dizer isso um dia desses pensei: 'é isso!' e fui pra casa fazer limonada. Os limões já estavam lá há um bom tempo, sabe? 

O mais curioso de tudo é que, eu nunca imaginei que ceder me faria sentir melhor, mais leve e livre. Pois fez.
Claro que não cedi por completo (não, entregar de bandeja a totalidade seria minha sentença de morte) mas cedi. E cá estou eu, contente por tal feito. 
O plano b ainda me mantém nos eixos, não se preocupem. Também alerto: nem se antecipem por comemorarem minha concessão: ela não é sinônimo de desistência. Na verdade, encarem a situação como um novo combustível para minhas pretensões, não como um sopro sobre uma vela.
É disso que eu gosto sobre mim: sou mais doce do que chocolate e mais azeda do que limão - quem serei pra você? Bom, isso depende de quem em mim você desperta. Eles despertaram o limão, daí as bocas retorcidas. 
A vida deu-me limões. Limões me foram dados pela vida. 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Neverland


Quando eu era criança, idade na qual espera-se que histórias clássicas sejam amadas e compreendidas, eu detestava o Peter Pan. De todos os personagens clássicos, ele era o que eu mais detestava. Tudo bem que eu tinha um certo carinho pelo Capitão Gancho ( rs ), porém sempre enxerguei o Peter Pan como um personagem lunático e totalmente entediante visto que tudo o que ele não queria é crescer. Talvez daí viesse minha antipatia pelo personagem de J. M. Barrie: Peter não queria crescer e isso era tudo o que eu, bem como todas as crianças, queria, afinal, na infância nada é mais fascinante do que a vida adulta. 
Hoje eu entendo o Peter.
Quando criança, tudo o que se deseja é crescer, afinal, a vida de gente grande é divertida, agitada, eles tem assuntos para resolver, não pedem permissão pra ninguém e as mulheres usam saltos colossais. O problema é que a medida que a gente vai crescendo, percebe que tem bem mais em jogo do que antes aparentava ter.
As responsabilidades começam a se amontoar na sua frente e elas só aumentam, nunca diminuem. Ficam mais severas, mais pesadas, nunca mais simples. E com o tempo, te apresentam uma coisa chamada 'decisão'. Quando você cresce, você precisa começar a tomar suas próprias decisões, que vão desde qual marca de margarina você vai comprar até a carreira na qual você atuará nos 30 anos seguintes. 
E essa é a parte mais difícil, porque se algo sair errado, você não tem ninguém pra culpar ou gritar com. Você tomou a decisão, e toda decisão traz na bagagem consequências que nem sempre podemos prever. E essa é a questão mais curiosa nisso tudo: o erro é o melhor professor. Nada melhor do que quebrar a cara pra te fazer aprender algo. Porém a sociedade não pensa assim. A sociedade coloca em volta do erro essa áurea negativa como se errar uma escolha e começar do zero fosse a pior humilhação do mundo. E nossos pais, professores, profissionais ao nosso redor e amigos fazem questão de dividir conosco esse conceito o tempo TODO. Como se não bastasse todo o nervosismo e frio na barriga com o qual já lidamos diariamente, ainda tem sempre alguém botando mais pilha, dando palpite, e fazendo as mesmas perguntas que para serem respondidas demandam uma série de outras perguntas para as quais nenhum adolescente no mundo tem resposta.
E é então que eu compreendo o Peter e dou toda a razão a ele. Se eu pudesse, eu jamais cresceria. Lembra como a vida era tão mais simples? As pessoas menos complicadas, as situações mais fáceis, sem decisões viscerais a serem tomadas nem novos problemas a cada dez minutos. Tudo se resumia a um pedaço de bolo e sessão da tarde. Quem foi que inventou que a gente tinha que crescer?