segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Paredes Invisíveis



Tudo consiste em uma frenesi inconsistente.

As paredes há muito ruiram, entretanto os limeares continuam lá.

Muito se faz para demolir as paredes físicas, mas as invisíveis são desprezadas, como se ninguém se importa-se.

"O que os olhos não vêem o coração não sente". Correção: a alma sim, essa sente e depois segue no sentir descontente que deve-se a um moralismo indolente.

Rimas irrisórias a parte, acrescento que a solução para trazer as paredes a baixo, não passa de um inegável placebo.

Josés e Marias lutam contra os fatores externos, esquecendo-se de que os internos é que são os mais difíceis de quebrantar. Muito preocupa-se com o que é claramente visível à todos. Mas não deveria ser o contrário? Exupéry disse que o "essencial é invisível aos olhos". Provavelmente é.

O fato que da vasta e significativa maioria escapa é o seguinte: não basta derrubar unicamente as paredes físicas. Não são elas que nos impõem os limites politicamente corretos, mas sim as paredes da alma.

São essas que nos impedem de ir além do que nos é permitido pelo senso comum bitolado, de meter o pé na porta e participar da vida que existe lá fora ao invés de ser só mais um expectador temeroso entre tantos que por puro receio do fracasso, preferem assistir acontecer do que fazê-lo eles mesmos.

Devemos nos empenhar em trazer as paredes invisíveis a baixo de modo a não restar nenhum resquício delas. Uma vez derrubadas as invisíveis, podemos sair pela porta ou na falta dessa, pela janela.

O primordial é sair.