segunda-feira, 26 de novembro de 2012

I'm dancing with myself

E hoje eu decidi abrir a casa, deixar arejar. Quatro meses sem se quer passar na porta é um período muito longo e que passou imperceptivelmente rápido. As teias de aranha estão por toda parte e não há ninguém a se culpar por tamanha negligência além de mim.
Os pretextos são muitos, mas como eu nunca fui uma grande adepta dos subterfúgios não farei uso deles. Não vim aqui porque não quis. Ponto final.
O fato é que eu estava sem nada para dizer então pensei que seria melhor permanecer em silêncio. Já existem tantas palavras vagas e despropositadas sendo lançadas no mundo a todo momento, para que eu iria querer contribuir com o aumento delas? O silêncio é uma dádiva muito pouco apreciada e quase em extinção.
Creio que todo talento tem um ponto fraco e a minha criptonita é a felicidade. Sim, eu estou feliz o que é estupendo, todavia o combustível dos meus escritos é a melancolia. Assim, não venho produzindo nada útil nem agradável que soe bem quando lido com o coração. Sim, porque os bons textos são lidos com o coração, não com a mente.
A vida anda de bem comigo. Os problemas ainda batem na porta, mas agora eu os guardo no armário. Sofrer por antecipação é atestado de masoquismo. Os jardins floresceram magnificamente nessa primavera e o céu da cidade parece ter sido pintado a mão de azul na maior parte dos dias. Minha bússola antes desgovernada agora aponta para o norte me dizendo exatamente o que eu quero.
O que eu quero? Quero um banho de chuva, uma tarde de sol, uma roseira vistosa, um sorriso de um alguém qualquer. Quero dormir até tarde, comer um pote de sorvete sozinha e rir até doer a barriga. Quero a vida e aparentemente a vida também me quer. Nós duas desenvolvemos uma camaradagem excepcional e agora, andamos oficialmente de mãos dadas.
O escrever? Bom, meu escrever fica deveras prejudicado, mas quem sabe eu não aprendo como escrever feliz? Da melancolia sou intima há um bom tempo. Talvez seja hora de estabelecer laços com a felicidade e o contentamento afinal eles são uma companhia tão agradável...