terça-feira, 16 de agosto de 2011

'Like it's her birthday'



Aliado ou não, algo a respeito do tempo é irrefutável: ele voa. Escapa pelos vãos dos dedos e se esvai mais rápido do que qualquer um poderia acompanhar ou mesmo imaginar.

Mortal que sou, não represento de forma alguma a exceção à tal regra.

Entretanto, tal verdade me abisma. E é com tal assombro que encaro a data de hoje. Um dia 16 que comigo hoje se depara pela 16ª vez.

E por mais clichê que possa ser, eu não acredito que tenha passado tão rápido. Entre fatos notórios e outros que preencheram esses anos, me encontro aqui, prostrada na casa dos dezesseis com a sensação de ter feito válido cada dia. Ter feito cada segundo mal gasto valer por dois. Ter feito cada segundo bem aproveitado eterno.

Sim, tenho consciência de que isto é clichê, entretanto, não é sobre isso que a vida é? A vida é clichê. E se ser clichê significa levar uma vida tranquila e bem aproveitada, estou pronta para ser clichê.

A sensação que me banha é uma mistura deliciosa da nostalgia dos melhores dias, dos dias de sol, dos dias nublados, das noites em claro, de ter dançado até não sentir mais os tornozelos, de ter gritado até a rouquidão total, de ter chorado por horas, e por ter gargalhado mais do que já julguei possível. Por ter conhecido pessoas impagáveis, adoráveis, únicas. Por ter perdido pessoas. Por ter somado outras. Por ter tido para quem ligar naquela madrugada. Por ter tomado banho de chuva. Por ter tomado banho de mar na chuva. Por ter gostado tanto de 'alguéns' e por ter tido alguém que gostasse de mim.

E que muitas outras primaveras me contemplem pois nessa Terra ainda tenho muito a fazer :)



'Mais um ano que se passa/ Mais um ano sem você/ Já não tenho a mesma idade/ Envelheço na cidade/ Essa vida é jogo rápido para mim ou pra você.'

terça-feira, 9 de agosto de 2011

À Deriva



Eis que tenho para mim mesma todas essas como verdades.


Sim, eu sou mal-resolvida. Consisto em um apanhado de palavras vãs, frases subentendidas e promessas interrompidas. Me enquadro no quase: quase segura, quase sóbria. Quase aceitável quase eloquente. Quase afável quase atraente. Quase esperada, quase quista. Quase isso, quase aquilo outro. Quase péssima quase boa o bastante.

O "quase" me precede. O "se" me justifica.

O imperativo circunda apenas meus desabores e destemperos (sendo estes constantemente atrelados ao meu tórrido e insustentável gênio).

Inoportuna, atroz, descabida, eufônica. À mercê, disponível. Indefesa, azeda. Intragável. Um trago.

Eu sou melhor a distância, e só ela me permite ser. Próxima sou desastrosa, insuportável.



Sou um disco de Rock riscado. Sou uma criança com os braços ralados. Sou um gato escaldado. Um brinquedo velho quebrado. Sou um céu nublado que jamais será azul e ensolarado. Sou uma garotinha que odeia rosa. Sou uma bússola que aponta para lugar nenhum.

Sou uma obra disléxcica, um Renoir manchado. Uma bailarina de pés amarrados. Sou um diagnóstico inconclusivo.

Um pedaço de papel chamuscado.

Enrolado, apagado, reescrito, amassado, pisoteado, reutilizado. Descartado de novo.



Sou aquela garoa fina terrivelmente gelada de inverno. De longe imperceptível. De perto insuportável.